Lauryn Hill anuncia turnê de 20 anos do clássico “Miseducation”
Lauryn Hill anuncia turnê de 20 anos do clássico “Miseducation”

Lauryn Hill não é só um ícone. Ela é a voz de uma geração, é o rosto de uma identidade coletiva: 90% das cantoras que iniciaram suas carreiras após o “Miseducation” (1998) foram influenciadas pela first lady da black music — ou foram influenciadas por alguém que se inspirava em miss Lauryn.

Na verdade os anos 90 se dividiram em antes e depois de Lauryn Hill. E em antes e depois de “Miseducation”, o álbum dos álbuns.

O álbum completo se chama “The Miseducation of Lauryn Hill” e pode ser traduzido ao pé da letra como “ A “deseducação” por Lauryn Hill” numa desconstrução explícita dos estereótipos de Rap feminino até então e elevando as mulheres ao status de primeira grandeza dentro deste nicho, superando todos os recordes de vendagem e premiação da época (muitos não foram batidos até hoje).

Vindo de uma carreira sólida no grupo The Fugees, este CD foi aguardado com bastante expectativa, já que seria o primeiro disco solo da cantora, que estava numa excelente fase, se destacando inclusive nos cinemas, como no filme “Mudança de Hábito 2” (1993) protagonizado por Woopi Goldberg.

Na época poucos sabiam que este seria o único álbum de estúdio de toda sua carreira. Um álbum completo: consistente, musicalmente falando, com riqueza instrumental e melódica, apresenta letras de conteúdo sólido, contestador e reflexo da transição social vivida na época, além é claro, dos vocais que encantaram o mundo e um flow especial que mescla excelente dicção no “rapping” com o canto que traz influências R&B, Reggae e Soul.

O sucesso mundial arrebatador do single “Boop-Woop-A-Doop (That Thing)” disparou Lauryn para o topo: #1 do ranking Billboard, com apenas 23 anos, sendo a primeira mulher rapper a permanecer no topo por mais de quatro semanas consecutivas, recorde igualado apenas após 19 anos pela novata Cardi B., recentemente, com o single Bodak Yellow.

“Miseducation” recebeu onze indicações para o prêmio Grammy em 1999, feito até hoje nunca igualado por uma cantora, e levou cinco troféus, incluindo o de Melhor Álbum do Ano. Apenas duas vezes na história do Grammy o título de Melhor Álbum do Ano foi concedido à uma obra de Rap: além de “Miseducation” o outro ganhador foi Speakerboxxx/The Love Below”, do Outkast em 2004.

Durante os anos 2000, a rapper se manteve afastada dos holofotes, exceto em ocasiões grandiosas como no clássico DVD Tributo à Bob Marley, em 2007. Lauryn é da família Marley onde além das parcerias épicas nos palcos com Ziggy Marley, fora deles é casada com Rohan Marley, pai de cinco dos seus seis filhos.

Além de priorizar seu tempo para a criação dos filhos (netos de Bob Marley), Lauryn também teve alguns problemas com a Receita Federal dos EUA e passou três meses detida em 2013, mas voltou a fazer shows que a ajudaram a solucionar este problema financeiro.

Conhecida por ser extremamente perfeccionista, Lauryn reflete sobre seu afastamento: “Eu não tenho um botão liga/desliga. O desafio é alinhar a minha energia com o tempo. Eu estou no meu melhor quando estou relaxada, aberta e sensível para me expressar da forma mais sincera possível. Eu não tenho nada além de amor e respeito pelos meus fãs”, declara a musa. Todas as mulheres do Rap precisam uma hora decidir se sacrificam família ou carreira, e isso não foi diferente com ela.

Uma artista diferenciada, que se tornou um fenômeno mundial ao permanecer no mainstream durante 20 anos, mesmo tendo lançado em toda sua carreira apenas dois álbuns e dez singles, mais algumas participações como a com o rapper Nas em “If I Ruled World” e com o Method Man em “Say”.

Para a comemoração dos 20 anos do álbum foi anunciada uma grande e merecida turnê, inicialmente com 30 datas de julho à outubro (infelizmente para nós, todas nos EUA) e que preveem lotação em todas as apresentações.

Seria lindo se esse reencontro com os fãs, depois de tantos anos, inspirasse a rainha suprema do Rap a gravar mais um álbum. Quem sabe não teremos novidades por aí?

Fonte: Portal rap mais